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Deus Caritas est, de Bento XVI, parece fugir ao costume dos últimos papas de expor na sua primeira encíclica o programa pontificado que se inaugura. Na realidade, porém, mais do que um programa, o texto é expressão profunda do propósito que sempre animou a vida de Joseph Ratzinger: conhecer Deus e, a partir Dele, buscar uma compreensão global da realidade do mundo e da vida humana, pautada na Palavra e animada pelo Espírito de Deus.

Não se tem notícia de uma Encíclica papal que fale diretamente de Deus e que busque na compreensão de Deus uma luz para nos guiar nos caminhos da vida, no seio da Igreja, peregrina no mundo. Residem nisso, a originalidade, a grandeza, mas também a dificuldade que se tem demonstrado em captar exatamente a mensagem de Bento XVI.
>br> O caminho para chegar a Deus é o caminho do Amor, plenamente manifestado por Jesus, mas já em germe desde o Antigo Testamento, no primeiro mandamento da Lei. Amor no sentido pleno, transcendente, que se reflete em todas as nossas experiências de amor, desde as experiências eróticas até as experiências de pura generosidade e oblatividade. Em Deus, Eros e Ágape se abraçam na unidade de um só mistério de comunhão do Pai, com o Filo, no Espírito Santo. É o que se evidencia na primeira parte da Encíclica.

A segunda parte tira as conseqüências para a vida cristã, da comunidade cristã e dos cristãos, comprometidos com o amor a ponto de dar por ele toda a vida, e presentes na história, a serviço de Deus, testemunhando a misericórdia e lutando pela justiça.