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A obra faz parte da coleção "Água Viva" que apresenta autores renomados na linha da espiritualidade e da mística cristã. Com linguagem acessível, as obras primam por trazer um conteúdo de grande profundidade que demonstra a beleza da tradição cristã e auxilia no conhecimento e na vivência ascética. A obra apresenta uma reflexão espiritual a partir das sugestões dos trechos evangélicos que dizem respeito a Betânia. É, na realidade, uma leitura orante centrada no relacionamento de Jesus com Lázaro e suas duas irmãs. O autor faz a exegese dos textos joaninos considerando todos os recursos atuais da crítica, e enriquece-os com o simbolismo do qual está impregnado o relato da ressurreição de Lázaro nos comentários patrísticos. A sensibilidade moderna, mais atenta ao acontecimento como tal, por receio dos riscos de uma atualização que possa desembocar na arbitrariedade, tende a negligenciar o alcance simbólico da narrativa. Daí a necessidade, para a leitura orante, de se colocarem todos os dados filológicos, históricos e exegéticos a serviço do sentido que esses possuem para a fé, situando-os no significado profundo do relato. Seguindo esse rumo, o autor estuda os diversos aspectos da vocação cristã, não apenas como chamado ao relacionamento com Jesus - queremos ver Jesus - mas em todo o seu desenvolvimento, como cultivo de uma intimidade com Cristo, que desemboca na contemplação e na vida eterna. A obra se impõe como um modelo original de leitura orante. Traz importantes contribuições pouco habituais, como por exemplo, a análise de Marta, contemplativa, que passa de um relacionamento no quadro de sua vida habitual de dona-de-casa, como hospedeira, a um relacionamento de fé, numa confissão que a coloca em paralelo com Pedro.